segunda-feira, 9 de maio de 2011

DROGAS: contexto sócio-histórico



----------------------- > Há indícios de que o homem usa drogas há mais de dez mil anos antes de Cristo (período neolítico), provavelmente como uma forma de vivenciar experiências místicas ou curar seus males. Por muitos séculos as drogas mais usadas pelo homem foram o ópio, a cannabis e o álcool, sempre associadas a suas possíveis propriedades terapêuticas ou em rituais místicos, como uma forma de aproximação com os deuses. Porém, com o passar dos anos, o uso passou a adquirir um caráter recreativo e abusivo. 
Assim, o consumo de drogas teve em outros momentos históricos, significados bem diferentes dos que hoje nos acostumamos a atribuir-lhe. No início da época moderna, até havia um consumo glamourizado de drogas caras para as camadas sociais mais abastadas. Assim, é que no final do século XIX na Europa e até mesmo no Brasil, o uso do ópio era um vício elegante pois apenas quem fosse rico podia bancar esta droga extremamente cara e importada da China ou Índia. Até mesmo havia um lirismo romântico na literatura da época que buscava nas drogas sonhos e delírios, em contraponto ao cinzento entediador da vida cotidiana. 

Anúncio da bebida Vin Marian, no ano de 1894, que era um tônico popular
que combinava vinho e cocaína


Jovem fuma ópio em seu quarto fantasiando sobre a vida refinada 
que levava na Paris de 1859, quando ainda era um vício elegante 
entre as elites usar tal droga que elas desconheciam completamente
os seus efeitos nocivos. 



Já os Indígenas do Brasil pré-descobrimento e até mesmo durante o pós-descobrimento, consumiam diversos tipos de bebidas alcoólicas fermentadas de mandioca, abacaxi, caju e a própria Ayahuasca, consumida pelos índios da região Amazonas. 


Índio Mura, oriundo da região do Amazonas, aspirando Paricá,
usado como alucinógeno ou como veneno em flechas.


Para os índios, as drogas sempre tinham um uso que ia muito além do festivo e recreativo, utilizado primordialmente ou apenas  pelos chefes religiosos ou Xamãs como busca espiritual ou até mesmo medicinal.
Com o desenvolvimento das civilizações, especialmente nas eras moderna e contemporânea, o uso de drogas perde definitivamente seu caráter terapêutico e místico e consolida-se o uso recreativo, com padrão abusivo e crescente de dependência. Estes usos puramente profanos e não medicinais das drogas caracterizam as sociedades urbanizadas que a usam em excesso e arbitrariamente. Assim é que logo logo após essa fase de glamourização da cocaína e do ópio, começa-se a relacionar o uso dessas drogas com decadência moral e prostituição, por conta mesmo dos primeiros aparecimentos dos efeitos nocivos dessas drogas e melhor entendimento médico e científico sobre elas e o conservadorismo das elites.  De lá até hoje, com a interferência e imposição dos EUA a todos os países do mundo de uma política anti-drogas mundial, que como vimos em aula, tem motivos que vão muito além dos científicos, mas razões econômicas, políticas e ideológicas que estão mascaradamente escondidas, criou-se  pouco a pouco medidas e leis para proibir o consumo, o comércio e a fabricação de quase todas as drogas existentes, com exceção de algumas delas, como o álcool por exemplo. Mas é importante frisar que as drogas nunca deixaram de ser consumidas, comercializadas ou fabricadas em nenhum momento deste então. E hoje o crime organizado faz do tráfico de drogas uma de suas principais atividades o que conseqüentemente aumenta o índice de violência urbana. 

Meninos viciados na cracolândia em São Paulo: cenas obscuras
na luta contra a droga mais desastrosa de todas, retrato social
da injusta modernidade, onde está nestas horas o Estado de 

Bem-estar social brasileiro?

Nenhum comentário:

Postar um comentário