1 - Voto livre e universal
2 - Liberdade de expressão
3 - Regra da maioria em comum acordo
4 - Direitos políticos e civis garantidos contra abusos de poder
Atualmente, a democracia é discutida sob dois ângulos diferentes, um que podemos chamar de Liberal que enfatiza os interesses privados do indivíduo, e outro que podemos chamar de Republicano, que ao contrário do Liberal, diz que a virtude do cidadão está na subordinação das suas vontades individuais aos ideais coletivos.
Podemos também relacionar esta visão liberal da Democracia ao Estado Liberal, e a Republicana ao Estado de Bem-Estar Social ou Welfare State.
Como vimos em aula, cada uma destas concepções já foram ou continuam sendo “vivenciadas” em diferentes momentos. No início do século XX a concepção Liberal, após ser estabelecida em plenitude como ideologia dominante da Revolução Industrial Burguesa, esgota-se e dá lugar ao Welfare State. Este rapidamente transforma-se em ditaduras pelo mundo, e também vai chegando ao seu esgotamento a partir dos anos 60, 70 e 80, décadas que foram fortemente marcadas pela contestação e mobilização social, dentre elas o movimento pelos direitos civis
dos negros nos Estados Unidos que consistia em lutar por reformas naquele país que discriminava e segregava a população negra, extorquindo-a e humilhando-a diariamente, a ponto de existirem lugares reservados para brancos e outros para “pretos” nos meios de transporte públicos.
A presidência dos Estados Unidos, hoje ocupada por um homem negro representa uma vitória, ainda que deformada, da luta travada nesta época.
Outro famoso movimento destas décadas foi o Feminismo que de 1960 até a década de 1980, se consolidou como um discurso de caráter intelectual, filosófico e político que busca romper os padrões tradicionais para com a opressão sofrida ao longo da história pelas mulheres. Estas se organizaram e juntas reivindicaram seus direitos, mas além disto lutaram por transformar a secular estrutura sexista e machista do poder. Exemplo mais recente de que este movimento ainda está vivo, é a formulação da Lei Maria da Penha – mesmo que com suas controvérsias – no Brasil.
E ainda, o movimento pelas Diretas já no Brasil que foi um movimento da sociedade civil de reivindicação por eleições presidenciais democráticas, e muitos outros.
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Amanhâ vai ser outro dia: povo brasileiro vai às ruas pedir por eleições democráticas após vinte anos de ditadura militar. |
Ou seja, historicamente é visível a insuficiência de cada uma destas concepções em promover de fato a democracia, a liberdade, a igualdade entre os homens e a justiça social. Muitos dos direitos que hoje temos como obviamente conquistados, nunca teriam sido possíveis se em determinados momentos pessoas não tivessem se organizado e dedicado suas vidas para conquistá-los. Mais recentemente, a crise financeira global de 2008 por exemplo, mostra que a doutrina NEO-LIBERAL dos anos 90 começa já no final da primeira década do século XXI a se mostrar mais uma vez insuficiente, e as nações desenvolvidas têm novamente que recorrer à ajuda do Estado, como aconteceu após a crise de 1929, para salvar suas instituições da falência generalizada. Programas do Governo Lula como o Bolsa Família e outros tantos em essência os mesmos, caracterizam por exemplo, um lado Welfare State do Estado Brasileiro, com resquícios da época do Coronelismo, do populismo a lá Getúlio Vargas e da própria Ditadura Militar.
Em suma, creio que juntos podemos chegar à conclusão de que uma possível saída para tais problemas, encontra-se na Democracia Social ou no Estado Democrático de Direito, que representaria a soma destas duas concepções, um equilíbrio entre o Liberal e o Republicano, entre liberdade e promoção da igualdade de fato. O caráter individualista, mas na verdade sem individualidade do Estado Liberal deverá ser abolido. Da mesma forma que o alargamento dos tentáculos do Welfare State, pois cria-se com isto um controle absurdo da vida privada ou seja, da liberdade, que passa a ser regulada em todos os seus aspectos por um Estado que concentra poder ao invés de diversificá-lo e distribuí-lo.
A democracia social é uma formulação filosófica e política de um novo Estado, equilibrado entre a liberdade do indivíduo, sua capacidade e direito de se expressar e realizar suas necessidades de forma plena junto da capacidade do próprio Estado de melhorar as condições sociais e promover a justiça social para que os indivíduos possam efetivamente serem livres.
Além disso, ao indivíduo cabe a preocupação constante com o bem-comum e coletivo, e abdicação dos seus interesses privados que se subordinarão ao interesse que for melhor para todos, em outras palavras, verdadeiros cidadãos participativos e autônomos, defensores de seus direitos e fazedores de seus deveres.
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